13 dezembro 2010
Homossexual poderá incluir parceiro no Imposto de Renda
10 dezembro 2010
Violência contra homossexuais
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?
Dráuzio Varella
http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/6375/violencia-contra-homossexuais
05 dezembro 2010
Do começo ao fim
O amor não se turva em águas turvas
Nem se curva ante a chuva.
Não!
É uma luz constante
Que a tempestade não altera.
É a estrela de toda nau errante
De brilho claro, embora sem matéria.
Não é joguete do tempo,
Embora a carne sofra o peso de sua foice.
Se isso for falso e provado também,
eu não escrevi e nunca se amou ninguém"
[docomeçoaofim]
26 novembro 2010
To be or no to be...
Once upon a time... Perguntam-me: Mas se você pudesse escolher, gostaria de hétero né? LÓGICO QUE NÃO!! Se me perguntasse várias vezes... Várias vezes eu diria: PREFIRO SER GAY.
Vou explicar melhor. Pense bem, quanto caras héteros, de 20 e poucos anos, você conhece que adora sair pra jantar na companhia do melhor amigo e tomar uma Champanhe para brindar aquele momento? Quantos caras dessa mesma idade você conhece que vão ao Angeloni e, ao invés de comprar cerveja e carvão como os héteros, prefere um queijo Brie? Hétero gosta de coisas tipo rodízio de pizza, cerveja, churrasco, aglomero, ventilador, funk, pagode, sertanejo. Gays gostam de vinhos, frisantes, espumantes, um bom prato francês, uma boa vista pra lagoa, petit gateau, ar condicionado. Hétero chupa picolé de 5 por R$ 1. Gay toma sorvete Häagen-Dazs. Hétero prefere praia. Gay, Serra. Hétero não se importa com a marca da cueca... Não é um absurdo????
Hoje, em plena manhã, às 9h, estou eu indo trabalhar, com meu mau humor matinal de sempre e passa um cara, dentro de uma Saveiro rebaixada, de vidro aberto, braço pra fora, ouvindo funk. Claro, a parte de trás do carro, que teoricamente deveria servir pra carregar objetos úteis, estava carregando toneladas de watts para a caixas de som. Segundo que, como mau gosto hétero, ele não tem ar condicionado no carro e obriga as pessoas a ouvir essa merda de música em plena manhã. E o pior de tudo: ele acha que está arrasando! Tadinho...
Claro que existem umas poucas exceções. Tenho um amigo, chamado Jam, hétero e noivo. Ele é um exemplo de hétero que eu PODERIA ser. Ele tem super bom gosto, usa roupas legais, adora bons lugares e boa comida. Não é daqueles que faz aquelas piadinhas sem graça nenhuma, principalmente sobre sexo. Toma cerveja Bohemia não para se aparecer, mas porque realmente a considera melhor do que as demais opções. Mas, às vezes, mostra que é hétero. Ele ainda usa meias, não sabe apreciar um bom vinho, gosta de programas de casais héteros e fica o carnaval inteiro em casa, com a noiva. Bom, se ele não tivesse esses pequenos "detalhes" héteros, ele seria gay... Ou então seria taxado de boiola. Mas ele não se importaria com isso, o que é muito positivo. Por isso, as mulheres são apaixonadas por ele. É uma daquelas raras exceções, no estilo de Jose Mayer, que todas as mulheres morreriam de amor. E eu também.
Na verdade, não sei porque nós gays somos assim. Acho que precisamos ser melhores, por uma questão de adaptação. Ou talvez para mostrar para a sociedade que podemos ser melhores do que os "comuns". Ou até porque não temos filhos e sobra mais dinheiro para a Veuve Clicquot. Bom, o fato é que eu ESCOLHERIA ser GAY sempre. Choque, se quiser! Desculpe, mas o bom gosto nos acompanha é inerente a quase todos os gays. Não é à toa que vários dos grandes nomes da moda e das artes estão ligados a esse pequeno detalhe: o gosto pelo mesmo sexo.
25 novembro 2010
Reveillon 2011
As opções que me agradariam mesmo seriam Fernando de Noronha, Paris (é claro) e Punta. Entre o custo benefício de todas, acho que vou preferir Punta. Amanhã vou olhar os preços nas agências de viagens.
Mas o segundo problema é o pior: COM QUEM PASSAR A VIRADA DE ANO?
02 março 2010
Que que eu tô fazendo aqui??
23 janeiro 2010
Ter ou não ter namorado
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.
Atribuído a Carlos Drummond de Andrade, mas é de Artur da Távola